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Feira agroecológica potencializa agricultura familiar em Serrinha

Feira agroecológica potencializa agricultura familiar em Serrinha

"Isso aqui é o meu sonho que estou realizando’’, diz com sorriso largo no rosto dona Rosa agricultora que comercializa há mais de cinco anos seus produtos orgânicos na Feira Agroecológica da Agricultura Familiar, que tem como objetivo fortalecer e incentivar a agricultura familiar e potencializar as atividades desenvolvidas pelos agricultores/a.

Dona Rosa representa uma das 28 famílias que participam do projeto que surgiu há pouco mais sete anos no município de Serrinha, na Bahia. A Feira Agroecológica da Agricultura Familiar foi implantada pela APAEB Serrinha através de uma ampla parceria entre várias organizações sociais e o poder público municipal. Em 2009, a iniciativa tornou-se de caráter permanente.

A feira acontece todos os sábados no Mercado Popular José Santana Lima, no centro da cidade. Qualquer agricultor e agricultora que produz uma quantidade suficiente para o consumo e queira comercializar o excedente, desde que a produção seja agroecológica, pode fazer parte do grupo. Além da oportunidade de aumentar a renda, o projeto ainda prevê para os agricultores e agricultoras cursos de gestão financeira, empreendedorismo, manejos da água, administração, manejos do solo, entre outros. Esses cursos os auxiliarão tantos nas tarefas que já executam como ajudarão a ampliar seu negócio e administrar o lucro.

Hoje, devido à grande necessidade e ao crescimento, a feira já tem seu próprio regimento, o qual foi construído pelos próprios agricultores/a com apoio das instituições parceiras. Nele, estão claros quais são os requisitos para uma família fazer parte deste espaço de comercialização, sendo um dos principais ter a produção agroecológica, como destaca uma das diretoras da Apaeb, Tereza Rocha que também explica os demais critérios:

"Primeiro, tem que ter uma produção agroecológica. A partir disso, um técnico vai visitar a produção dessa família que quer fazer parte da feira. Esse técnico que foi visitar, constatando que a produção é realmente agoecológica, já é o passe para se integrar à feira. Algo importante a ser falado é que não precisa ser associado à Apaeb Serrinha, nem ter tecnologia social, basta apenas ter uma produção agroecológica. Só que, hoje, a maioria que está trabalhando na feira foi contemplado com uma tecnologia social. Tempos atrás não tinham [as tecnologias], mas percebendo a necessidade, a Apaeb com a ASA, demais parceiros e a família construíram’’, destacou Tereza.

De acordo com Tereza, não existe nenhum tipo de contribuição cobrada por parte da Apaeb aos agricultores/a. Mas depois que o regimento foi criado, os feirantes sentiram a necessidade de criar um fundo solidário, como explica seu Luiz Lisboa, colaborador da APAEB. “Cada membro da feira vai contribuir com R$ 5,00 por mês para alimentar o Fundo, o qual será revertido em manutenção de equipamentos, consertar uma barraca, se um membro da feira precisar de um dinheiro para comprar um remédio e não tiver um dinheiro, também poderá usar o dinheiro desse Fundo, é um Fundo Solidário para ser utilizado entre eles mesmos’’, explica Luiz.

Atualmente, mais de 80% das famílias que comercializam na feira possuem uma tecnologia social. É através delas que tiram a água para irrigar a sua produção. Desta maneira, a feira termina sendo uma forma de incentivar essas famílias que conquistaram as tecnologias a continuar produzindo e a perceber que é, sim, possível produzir em qualquer época do ano.

“Sem água não se produz. Todos os produtos que tenho aqui são irrigados através da [água da] cisterna-calçadão. Produzo o ano todo. E aqui tenho um lugar organizado, não preciso ficar correndo de um lugar para o outro, sendo expulsa, sem falar que a mercadoria é mais procurada. Aqui fiz muitos clientes’’, destaca a agricultora Maria Silvia que além de ter a barraca na feira, vende seus produtos em outros pontos da cidade.

Outra delas é a dona Ana Barbosa, que possui uma cisterna-enxurrada há quatro anos e há cinco comercializa na feira. “Antes da cisterna, a gente só produzia no inverno, na época que chovia. Agora, a gente planta o ano todo. Temos água para molhar as coisas. A produção aumentou muito. Hoje tenho rabanete, alface, cenoura, coentro, feijão de corda, cebolinha, batata doce... E com essa feira aqui tudo melhorou. É a minha sobrevivência.”

Já dona Rosa citada logo no começo da história, não possui cisterna, mas trabalha em parceria com dona Margarida e afirma que já teve clientes que desconfio da origem dos produtos delas. “A gente começou com uma horta comunitária num tanque de chão ai, hoje, Margarida recebeu uma cisterna de onde a gente tira a água para molhar. A gente trabalha junto. Vendemos tudo, não sobra nada. A gente planta couve, cebolinha, alface, beterraba, abóbora... Sem falar que a gente nem compra pra comer também. Tem gente que desconfia que não tenha veneno. Já teve cliente que foi lá na nossa propriedade ver se realmente não botamos veneno. Aí chega dizendo: pode comprar que eu vi que não tem mesmo veneno. Isso aqui é o meu sonho que estou realizando’’, relata feliz dona Rosa.

Não são apenas as agricultoras/a que estão felizes em vender e aumentar a renda da família delas. O que estas famílias contribuem para o mundo vai muito além de um alimento saudável, de uma alface, de uma couve, de um pimentão sem agrotóxico. Elas transmitem também para seus inúmeros clientes confiança, transparência e honestidade.

“Aqui, eu sei a procedência, pois são mulheres dignas, honestas, íntegras. A gente acredita nelas que traz para gente o melhor alimento possível. Ficamos felizes e agradecemos a Deus por estar consumindo um alimento saudável, de qualidade, para termos uma boa saúde, uma boa qualidade de vida e sem agrotóxico’’, diz dona Suzana, cliente da barraca da dona Ana e da Dona Margarida.

O movimento na feira começa cedo. A partir das 6h da manhã, o fluxo de clientes já é grande. “Compro toda semana. Fico mais feliz e mais seguro, pois sei que estou consumindo um produto totalmente saudável, de qualidade sem química, ainda mais que tenho criança em casa. Aqui compro toda semana, cebolinha, couve, alface, coentro, esse é certo’’, comenta outro cliente fiel e adepto a uma alimentação saudável e sustentável para o meio ambiente.

Texto disponível em: Asa Brasil


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